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Foto do escritorValeria Chaussard

A elite alemã no nazismo


O dia 18 de abril é a data da Lembrança do Holocausto, do vergonhoso movimento nazista que manchou a história da Humanidade. Tornou-se um marco no combate ao racismo e às injustiças, e é importante, neste momento, valorizar a Democracia e o respeito aos Direitos Humanos.

Em Santa Catarina, sede do MOVIMENTO HUMANIZA SC, o Ministério Público Estadual já identificou mais de 500 células nazistas organizadas e interligadas a outros estados da federação.

O MOVIMENTO HUMANIZA SC, preocupado com as manifestações que prometem abalar o país neste mês de abril, e com a recente escalada de ataques a escolas, foi buscar mais informações sobre o funcionamento das células nazistas.



Adolescente é apreendido e pais são presos com material nazista. Foto: Polícia Civil

Recebemos da instituição denominada SWU – STAND WITH US, organização educacional internacional que desafia a desinformação e combate o anti-semitismo, um artigo construído para o HUMANIZA SC sobre a fonte de financiamento do Holocausto, que nos faz refletir sobre a sustentação financeira dos grupos extremistas que se espalham por Santa Catarina e pelo Brasil.

Reproduzimos, a seguir, o texto de Marcio Pitliuk, o maior especialista no Brasil sobre o Holocausto e a Segunda Guerra Mundial, autor de diversos livros, entre eles, O Engenheiro da Morte e A Alpinista, curador do Memorial do Holocausto em São Paulo e professor do StandWithUs – Brasil.

Participação da elite alemã no apoio ao nazismo e Holocausto.

“Nenhum partido político cresce e se sustenta sem dinheiro. Com o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, não foi diferente. Adolf Hitler e seus asseclas souberam cooptar grande parte do empresariado alemão no seu projeto de poder. Quando Hitler se filiou, o partido nazista era pequeno, com pouco mais de 50 membros, e ele soube usar seu carisma, sua oratória e jogadas sujas para permitir que grandes empresas e empresários enriquecessem e se tornassem doadores de vulto.

           Nomes como Ferdinand Porsche, Fritz Thyssen, Gustav Krupp, Hugo Boss, Gunther Quandt, Rudolf Oetker e empresas como VW, Siemens, Allianz, Bayer, Deutsch Bank, Daimler-Benz e tantas outras, apoiaram e financiaram o nazismo, em troca, cresceram exponencialmente durante a II Guerra e a duração do regime.

É importante dizer que nada foi feito à base de chantagens ou ameaças físicas, o apoio foi espontâneo, acreditavam na causa e nas ideias de Hitler, como o antissemitismo, e é claro, tinham grande interesse financeiro. Quando os nazistas promulgaram as leis em defesa da raça ariana, e os judeus passaram a ser expelidos da vida civil da Alemanha, muitos empresários alemães obrigaram seus sócios judeus a venderem suas participações nas empresas por valores ínfimos, muito menores que o real. Ferdinand Porsche, por exemplo, praticamente expulsou seu sócio, o engenheiro Adolf Rosenberg. Isso se repetiu em todas as empresas. A I.G.Farben, na época a maior indústria química da Europa, dona da marca Bayer, fabricante de Zyklon B, o produto que assassinou os judeus nas câmaras de gás, nem esperou as leis raciais. Assim que os nazistas chegaram ao poder, em 1933, já tratou de demitir todos os diretores judeus.

Quando foram iniciadas as expropriações das empresas que eram propriedades dos judeus, tanto na Alemanha quanto na Áustria anexada, as seguradoras, bancos, indústrias, grandes magazines, tudo foi transferido para os apoiadores do regime nazista. Grandes conglomerados foram criados, concorrentes foram absorvidos, e seus proprietários arianos retribuíram esse favor com imensas doações, nem sempre oficiais, muitas vezes através de propinas.

O Holocausto foi financiado por esses empresários. Para construir um campo de concentração ou extermínio era preciso pagar por projetos de arquitetura e engenharia, era preciso construir barracões, cercas de arame farpado eletrificada, redes de esgoto, luz, água, salários e alimentação dos trabalhadores, uniformes, ambulatórios, enfim toda a estrutura para manter, em alguns casos, populações fixas de dezenas de milhares de pessoas. Isso custa muito dinheiro. Levar as vítimas a esses locais também era uma operação custosa. Trens saíram de todas as partes da Europa com destino a Polônia, onde se concentravam a maioria dos campos. Da Grécia, da França, da Holanda, da Noruega, trens partiam diariamente carregados de prisioneiros. Tudo isso tinha custo.

E como a SS pagava os empréstimos? As próprias vítimas pagavam para serem mortas. Era dito aos judeus que seriam assentados no Leste Europeu e deveriam levar apenas uma mala com o que tivessem de mais valor. Ao chegarem aos campos, tudo era roubado. Ao serem mortos, os dentes de ouro eram arrancados. Os cabelos raspados e vendidos para serem utilizados em forros de assentos de veículos de guerra e material térmico para submarinos. Mórbido e trágico, mas assim eram pagos os financiamentos dos campos nazistas.

Havia também o trabalho escravo. Os prisioneiros jovens e fortes não eram assassinados nas câmaras de gás assim que chegavam. Eram alugados pela SS para as indústrias alemãs. Muitas empresas chegaram a construir seus próprios campos de trabalhos forçados para acomodar milhares de trabalhadores. Devido aos maus tratos, péssimas condições de trabalho e falta de alimentação, os escravos morriam em semanas e os gerentes não precisavam se preocupar, diariamente chegavam mais prisioneiros e os mortos seriam repostos. Nem empresas e nem a SS se preocupavam com a sobrevivência dos trabalhadores.

Os soldados que organizavam as filas das câmaras de gás, eram o último elo da corrente. Para os prisioneiros chegarem as portas da morte, a elite alemã teve participação ativa e conivente com o Holocausto.

            Como diz o ditado, não existe almoço grátis.”

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